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08/05/2025 às 20h54min - Atualizada em 02/05/2025 às 10h38min

EU NEM SABIA.

Pseudônimo: Cida Pompeo

Cida Pompeo
Maio era o mês de Nossa Senhora, procurávamos flores, especialmente rosas
brancas possíveis de serem pedidas, ou roubadas dos pequenos jardins de
muros baixos. Então se formava uma fila de crianças em frente à igreja e uma
disputa pelos primeiros a levar as flores ao altar. Pontualmente às dezoito, o
sino tocava, homens barbudos que avam na rua descobriam a cabeça e
ajoelhavam-se no chão, respeitosos.
Naquele tempo, eu ainda não sabia que isso era pura poesia.
Havia uma ponte invisível entre vizinhos; ali sobrevoavam doces de leite, de
abóbora, pés-de -moleque, pamonhas... cruzavam pela ponte cheios e nunca
voltavam vazios. avam também histórias, casos, notícias, conversas.
Naquele tempo, eu não sabia ainda, o quanto de magia nisso havia.
A chuva caía, descanso na roça e cheiro de bolinhos de chuva. Alguém
colocou latas vazias do lado de fora das janelas e o pingar das gostas d’água
tocavam uma melodia suave e aconchegante que combinava em tudo com o
colchão de palha e a manta de fuxicos, quentinha.
Naquele tempo, eu não sabia que esse som era pura sinfonia.
Festas juninas com sanfoneiro e quadrilha, nenhum ensaio; contribuições
saborosas nascidas em fogões à lenha e tachos de ferro lotavam a mesa. O
mastro se erguia para o terço e a louvação aos santos padroeiros, depois, só
diversão.
Aos domingos, terminada a missa, o toque da banda no coreto, as moças
girando em volta e os rapazes em sentido contrário geravam flertes, namoros,
paixões idílicas.
Naquele tempo, eu achava um tanto ridículo; o quanto isso era ritmo e corpo,
eu ainda não sabia.

Os muros vergavam em chuchus, as abóboras rastejavam no quintal, um único
peru esperava seu fim na véspera de natal, um porco aguardava ser festejo
dividido com parentes, caça aos ovos das galinhas no terreiro. Esperar o
pretejar das jabuticabas e o amarelar das laranjas, confiar nos ciclos.
Parecia tão pouco, eu não sabia que isso era fartura.
Havia centenas de brinquedos e nenhuma fábrica. Era preciso olhar para o
barro, a madeira, os caules das árvores, as cordas e enxergar tudo diferente.
Necessário juntar as mãos, virar em roda cantando, decorar versos e trava-
línguas; o mundo era do tamanho do quintal. Imprescindível rolar no chão,
declarar guerras com bolinhas de mamonas e soprar bolhas multicolores com
canudo de mamoeiro até se desmancharem no ar. Preparava-se iguarias com
folhas de goiaba num fogão de tijolo e tinham um gosto especial.
Eu provava o sabor da liberdade, da amizade e do ócio; viajava por mundos
fantásticos fechando os olhos.
Quanto da arte que eu amo já existia, mas eu ainda não sabia.
Brincar pelas ruas, ir a pé para a escola, duvidar da existência do” Homem do
Saco” que rouba crianças.” Os bandidos estavam presos nos raros filmes de
cinema, os pais fortes e juntos no jantar, crianças na cama cedo. Se caía
tempestade, a energia acabava, minha mãe juntava os filhos no escuro e
cantava no brilho das velas acesas.
Ah! Bendita paz!
Dirão que é saudosismo. Não! Eu vivo em conformidade absoluta com o fato de
que é impossível deter a maré da vida, o vai e vem do Bom e Mau. Porém, se
pudesse explicar ao Trem do Tempo que não desejo retornar ao ponto de
partida... Pediria apenas que deixasse um vagão livre onde pudesse levar junto
tudo que era imensamente bom e eu não sabia. Parar em cada estação e
deixar um tanto, como ageiro desembarcado. Desejaria que o apito do
trem proclamasse o valor da carga trazida e dissesse: - Cuidado! Não a
percam!

Apesar dos anos, ainda não me parece tarde para saborear intensamente tudo
que pensei que não sabia, tomar esse trem de assalto, igual às matinês de
filme antigo e justificar que, agora, sei muito bem o que eu disse que não sabia.
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